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Pesquisadora lança livro sobre branquitude em três países: Brasil, África do Sul e Moçambique

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Sim, ela é branca e se apresenta como antirrascista. Mesmo vindo de uma família humilde de São Paulo, a doutora em Ciências da Comunicação pela USP Paola Prandini sabe que goza de privilégios pela cor da pele. Mas isso não a deixa confortável. Transformou seu ativismo contra o racismo e as heranças preconceituosas do período colonial em tema de pesquisa, o que resultou em um livro recém-lançado: "Conexão Atlândica", título que faz referência ao encontro dos oceanos Atlântico e Índico.

Vinicius Assis, correspondente da RFI

A obra de Paola é resultado de quatro anos vivendo entre Brasil, África do Sul e Moçambique, focada nos temas da branquitude, de colonialidades e educomunicação (método de ensino que torna os meios de comunicação elementos de aprendizagem) nesses três países.

“O Brasil ultimamente tem sido um pouco mais crítico e aguerrido em relação à questão antirracista”, destacou, mas a pesquisadora também apresentou semelhanças nos três países em se tratando dos desafios em torno do assunto.

No caso sul-africano, os resquícios do Apartheid (regime de segregação racial que vigorou no país por 46 anos) ainda são notáveis no dia a dia. Por exemplo, ao chegar em determinados restaurantes é possível perceber que os clientes são predominantemente de uma só raça, ou ficam separados por grupos, mas sem que isso hoje seja algo imposto delo Estado.

“Tem a mesa dos indianos, a dos ‘blacks’ (pretos), a dos ‘whites’ (brancos). Espaços em que ainda essa divisão acontece”, destacou Paola, que viveu em Joanesburgo, onde estudantes relatam que professores ainda os fazem falar inglês com sotaque mais britânico possível, dependendo da escola onde estudam. A alegação é que, assim, terão mais respeito, melhores empregos e condições de vida.

Em Moçambique, as disputas raciais não estão necessariamente presentes no dia a dia. “É uma população quase que exclusivamente negra, mas há uma espécie de respeito/endeusamento da pessoa branca que é um pouco preocupante. Até hoje, há pessoas que ainda veem as pessoas brancas nesse lugar ‘nós somos diferentes, você merece mais respeito, você merece ser bem recebido’. E eu vejo também pessoas brancas lá se valendo disso”, apontou.

Para analisar os impactos da branquitude e colonialidade nos currículos de escolas públicas de Maputo, Joanesburgo e São Paulo, a brasileira entrevistou 13 professores de várias raças dessas três cidades, que trabalham da educação infantil ao ensino médio. Na obra, ela aponta 31 categorias de análise crítica à branquitude e as colonialidades, como, por exemplo, a “hipervisibilidade branca”, o que acaba sendo visto nos currículos escolares. “Se você olhar para os exemplos dados, as ilustrações às vezes dos livros”, citou.

Ela destaca que já houve avanços em se tratando de livros, que no passado só traziam bonequinhos brancos em suas páginas. Mas mesmo que essa discussão dos livros já tenha acontecido de maneira bem forte nos três países, professores relataram que o jeito de ensinar os faz reproduzir aulas que tiveram quando estudavam. Com isso, acabam se posicionando de um jeito muito eurocêntrico. Professores nos três países entrevistados por Paola afirmaram que a maior parte do que ensinam ainda segue esta linha.

Dos três países pesquisados, o Brasil é o único que tem uma legislação que coloca a cultura e a história africana e afrobrasileira como matéria obrigatória nos currículos escolares. “Ela (a lei 10.639, de 2003) é parte da solução, mas ela sozinha não resolve”, frisou. Em contrapartida, no contexto sul-africano línguas bantu também são ensinadas em muitas escolas. Mas essa ideia não é muito abraçada em Moçambique, apesar do incentivo do governo.

“No caso moçambicano, há um caderno que foi feito pelo Ministério da Educação de orientação para educação de línguas bantu como uma demanda mesmo, do próprio Ministério, para as escolas e para a educação nacional. Mas, na hora da prática, a gente ainda vê muitos entraves”, disse.

Mentalidade ainda colonial

A pesquisadora se refere a entraves da mentalidade ainda colonial. No livro, ela traz um exemplo que ilustra bem isso: o de um professor, formado em educação em línguas bantu, que apresentou essas orientações do governo moçambicano ao diretor e a sugestão não foi bem recebida. “O diretor disse: nossa, agora que a escola estava ficando bonita você vem trazer essas ideias?”, citou Paola.

A brasileira relatou ainda que na referida escola, por exemplo, falar Changana é proibido, embora o idioma local seja muito presente no dia a dia de muitos estudantes, principalmente da periferia de Maputo. “O contexto da cidade de cimento é muito de língua portuguesa, mas quando a gente expande deixa de ser”, explicou a pesquisadora.

Ela não quis publicar algo que só apontava os problemas, nem que a colocasse numa posição de ser a branca tentando resolvê-los. Mas Paola aponta caminhos para serem discutidos que podem melhorar o cenário, como maior diálogo entre a comunidade e a escola.

Ela chama a atenção para expressões que hoje devem ser evitadas no Brasil, por serem consideradas racistas, mas ainda usadas em países lusófonos como Moçambique. Um exemplo é mulato, palavra utilizada para classificar alguém que é filho de uma pessoa branca e uma negra, mas na verdade sua origem está associada ao animal mula.

Paola acredita que a mídia brasileira, que é muito seguida pelos moçambicanos, pode ajudar no processo de letramento racial. “Para nós na diáspora isso é racismo linguístico. Lá as pessoas acham isso a maior bobagem. Eu chegava a comentar isso com professores e muitas vezes eles não sabiam (a origem da palavra mulato). Isso só começou a ser falado (no Brasil) recentemente. Eu acho que da maneira como o Brasil tem influenciado as discussões em Moçambique – um país que fala português, gigante, que está super presente na internet, nas mídias – em pouco tempo essa discussão vai chegar lá também. E aí pode ser que a gente veja uma mudança”, aposta.

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Sim, ela é branca e se apresenta como antirrascista. Mesmo vindo de uma família humilde de São Paulo, a doutora em Ciências da Comunicação pela USP Paola Prandini sabe que goza de privilégios pela cor da pele. Mas isso não a deixa confortável. Transformou seu ativismo contra o racismo e as heranças preconceituosas do período colonial em tema de pesquisa, o que resultou em um livro recém-lançado: "Conexão Atlândica", título que faz referência ao encontro dos oceanos Atlântico e Índico.

Vinicius Assis, correspondente da RFI

A obra de Paola é resultado de quatro anos vivendo entre Brasil, África do Sul e Moçambique, focada nos temas da branquitude, de colonialidades e educomunicação (método de ensino que torna os meios de comunicação elementos de aprendizagem) nesses três países.

“O Brasil ultimamente tem sido um pouco mais crítico e aguerrido em relação à questão antirracista”, destacou, mas a pesquisadora também apresentou semelhanças nos três países em se tratando dos desafios em torno do assunto.

No caso sul-africano, os resquícios do Apartheid (regime de segregação racial que vigorou no país por 46 anos) ainda são notáveis no dia a dia. Por exemplo, ao chegar em determinados restaurantes é possível perceber que os clientes são predominantemente de uma só raça, ou ficam separados por grupos, mas sem que isso hoje seja algo imposto delo Estado.

“Tem a mesa dos indianos, a dos ‘blacks’ (pretos), a dos ‘whites’ (brancos). Espaços em que ainda essa divisão acontece”, destacou Paola, que viveu em Joanesburgo, onde estudantes relatam que professores ainda os fazem falar inglês com sotaque mais britânico possível, dependendo da escola onde estudam. A alegação é que, assim, terão mais respeito, melhores empregos e condições de vida.

Em Moçambique, as disputas raciais não estão necessariamente presentes no dia a dia. “É uma população quase que exclusivamente negra, mas há uma espécie de respeito/endeusamento da pessoa branca que é um pouco preocupante. Até hoje, há pessoas que ainda veem as pessoas brancas nesse lugar ‘nós somos diferentes, você merece mais respeito, você merece ser bem recebido’. E eu vejo também pessoas brancas lá se valendo disso”, apontou.

Para analisar os impactos da branquitude e colonialidade nos currículos de escolas públicas de Maputo, Joanesburgo e São Paulo, a brasileira entrevistou 13 professores de várias raças dessas três cidades, que trabalham da educação infantil ao ensino médio. Na obra, ela aponta 31 categorias de análise crítica à branquitude e as colonialidades, como, por exemplo, a “hipervisibilidade branca”, o que acaba sendo visto nos currículos escolares. “Se você olhar para os exemplos dados, as ilustrações às vezes dos livros”, citou.

Ela destaca que já houve avanços em se tratando de livros, que no passado só traziam bonequinhos brancos em suas páginas. Mas mesmo que essa discussão dos livros já tenha acontecido de maneira bem forte nos três países, professores relataram que o jeito de ensinar os faz reproduzir aulas que tiveram quando estudavam. Com isso, acabam se posicionando de um jeito muito eurocêntrico. Professores nos três países entrevistados por Paola afirmaram que a maior parte do que ensinam ainda segue esta linha.

Dos três países pesquisados, o Brasil é o único que tem uma legislação que coloca a cultura e a história africana e afrobrasileira como matéria obrigatória nos currículos escolares. “Ela (a lei 10.639, de 2003) é parte da solução, mas ela sozinha não resolve”, frisou. Em contrapartida, no contexto sul-africano línguas bantu também são ensinadas em muitas escolas. Mas essa ideia não é muito abraçada em Moçambique, apesar do incentivo do governo.

“No caso moçambicano, há um caderno que foi feito pelo Ministério da Educação de orientação para educação de línguas bantu como uma demanda mesmo, do próprio Ministério, para as escolas e para a educação nacional. Mas, na hora da prática, a gente ainda vê muitos entraves”, disse.

Mentalidade ainda colonial

A pesquisadora se refere a entraves da mentalidade ainda colonial. No livro, ela traz um exemplo que ilustra bem isso: o de um professor, formado em educação em línguas bantu, que apresentou essas orientações do governo moçambicano ao diretor e a sugestão não foi bem recebida. “O diretor disse: nossa, agora que a escola estava ficando bonita você vem trazer essas ideias?”, citou Paola.

A brasileira relatou ainda que na referida escola, por exemplo, falar Changana é proibido, embora o idioma local seja muito presente no dia a dia de muitos estudantes, principalmente da periferia de Maputo. “O contexto da cidade de cimento é muito de língua portuguesa, mas quando a gente expande deixa de ser”, explicou a pesquisadora.

Ela não quis publicar algo que só apontava os problemas, nem que a colocasse numa posição de ser a branca tentando resolvê-los. Mas Paola aponta caminhos para serem discutidos que podem melhorar o cenário, como maior diálogo entre a comunidade e a escola.

Ela chama a atenção para expressões que hoje devem ser evitadas no Brasil, por serem consideradas racistas, mas ainda usadas em países lusófonos como Moçambique. Um exemplo é mulato, palavra utilizada para classificar alguém que é filho de uma pessoa branca e uma negra, mas na verdade sua origem está associada ao animal mula.

Paola acredita que a mídia brasileira, que é muito seguida pelos moçambicanos, pode ajudar no processo de letramento racial. “Para nós na diáspora isso é racismo linguístico. Lá as pessoas acham isso a maior bobagem. Eu chegava a comentar isso com professores e muitas vezes eles não sabiam (a origem da palavra mulato). Isso só começou a ser falado (no Brasil) recentemente. Eu acho que da maneira como o Brasil tem influenciado as discussões em Moçambique – um país que fala português, gigante, que está super presente na internet, nas mídias – em pouco tempo essa discussão vai chegar lá também. E aí pode ser que a gente veja uma mudança”, aposta.

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