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Concurso de crônicas ajuda no letramento literário de alunos do ensino fundamental

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Professora criou a atividade para desenvolver leitura, escrita e estimular gosto pela literatura

A professora de língua portuguesa e literatura na rede municipal da capital paulista Paula Rosiska desenvolveu a aplicação de uma sequência de atividades com foco no letramento literário para alunos do 7º ano do ensino fundamental. O projeto tem o objetivo de promover o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita literária por meio da apreciação e da compreensão de crônicas.

“A crônica é um gênero textual que trata do tema cotidiano. São as coisas bem simples, aquelas que costumam ficar de fora da grande literatura, da literatura de ficção, evidentemente. Elas são retratos da vida comum, das pessoas comuns também pela simplicidade da linguagem da crônica. Ela é informal, então imaginei que seria um bom gênero para eles adentrarem a literatura brasileira e começarem a produzir seus próprios textos”, resume a docente.

Para instigar os estudantes a escreverem, Rosiska promoveu durante um bimestre o concurso de crônicas com júri composto por alunos, professores e gestores.

“A ideia era justamente o estímulo, porque, num concurso de crônicas, eu tratei todos eles como autores, como cronistas e não como estudantes candidatos, para eles já entenderem que a literatura está ao alcance deles. E a ideia era justamente ‘desescolarizar’ a redação. Mas num concurso nós temos um júri. Como eles sabiam que haveria leitores, que o texto seria público, acredito que tenha incentivado de tal maneira que dos 32 alunos, 28 entregaram uma redação para o concurso”, analisa.

Passo a passo para o concurso de crônicas

Inicialmente, os alunos foram apresentados ao conceito de crônica, sua estrutura e características. Em seguida, foram conduzidas atividades de leitura de textos.

“Eu criei um ‘baú de crônicas’, no qual eu colocava crônicas para eles poderem ler, terem acesso, e aí se eles encontrassem alguma crônica ou se escrevessem alguma, eles podiam deixar lá, que eu pegaria e já daria devolutiva para eles”, explica Rosiska.

Em seguida, a professora fez uma pergunta aos alunos: “Fale sobre o momento que mudou a sua vida. O que foi esse momento e qual que foi essa mudança?”.

“A maioria deles colocou alguma mudança de turma, mudança de escola. E eu percebi realmente que a escola era o tema central da vida deles. Na escola que a gente tem vida social e a questão das amizades. Por isso eu pedi essa primeira produção textual, uma aula, porque é um texto bem curtinho, então esse foi o primeiro passo”, aponta.

Os passos seguintes da sequência didática que Rosiska sugere para estudantes dos últimos anos do ensino fundamental foram demonstrar que a crônica é um texto de temática extremamente simples e promover o contato com nomes da literatura que se destacam também com a escrita de crônicas.

“Na sequência, resolvi desafiá-los. Eu escolhi uma crônica do Machado de Assis chamada ‘Regras para o uso dos bondes’. É uma crônica muito engraçada. E aí nós fizemos até a dramatização. Então nós montamos um bonde ali e cada um deles era um dos passageiros que estavam fazendo alguma coisa que Machado de Assis critica no texto”, conta a professora.

Depois dessa preparação, o concurso prossegue com o momento da escrita da crônica por parte da turma. Rosiska defende que saber que está participando de um concurso estimula o aluno, uma vez que o texto produzido por ele será lido efetivamente e passará por um júri.

“Havendo esses leitores, houve um estímulo, todos acabaram escrevendo alguma coisa que era importante, alguma angústia ou algo que era divertido, porque essas crianças ou esses adolescentes querem ser ouvidos. Eles entenderam que às vezes é mais fácil ser lido; então na escola eles podem ser lidos. Eu acredito que a escrita se tornou uma alternativa viável para se expressar muito mais do que a fala”, argumenta Rosiska.

Os resultados obtidos revelaram um progresso significativo no letramento literário dos alunos. “Quanto à leitura, a minha ideia era justamente que eles entendessem que muitas vezes o escritor morreu antes de a gente nascer, mas aquele sentimento humano continua. E isso foi percebido até mais na crônica do Machado de Assis, que algumas angústias que ele coloca ali, nas reclamações de conviver com as pessoas no bonde, são parecidas com as que existem até hoje. Eu acredito que, pelo menos aquele medo ou aquela sacralização dos escritores canônicos foi desfeita. O medo de ler eles [os alunos] não vão ter”, conclui.

Crédito da imagem: acervo – Paula Rosiska

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“A crônica é um gênero textual que trata do tema cotidiano. São as coisas bem simples, aquelas que costumam ficar de fora da grande literatura, da literatura de ficção, evidentemente. Elas são retratos da vida comum, das pessoas comuns também pela simplicidade da linguagem da crônica. Ela é informal, então imaginei que seria um bom gênero para eles adentrarem a literatura brasileira e começarem a produzir seus próprios textos”, resume a docente.

Para instigar os estudantes a escreverem, Rosiska promoveu durante um bimestre o concurso de crônicas com júri composto por alunos, professores e gestores.

“A ideia era justamente o estímulo, porque, num concurso de crônicas, eu tratei todos eles como autores, como cronistas e não como estudantes candidatos, para eles já entenderem que a literatura está ao alcance deles. E a ideia era justamente ‘desescolarizar’ a redação. Mas num concurso nós temos um júri. Como eles sabiam que haveria leitores, que o texto seria público, acredito que tenha incentivado de tal maneira que dos 32 alunos, 28 entregaram uma redação para o concurso”, analisa.

Passo a passo para o concurso de crônicas

Inicialmente, os alunos foram apresentados ao conceito de crônica, sua estrutura e características. Em seguida, foram conduzidas atividades de leitura de textos.

“Eu criei um ‘baú de crônicas’, no qual eu colocava crônicas para eles poderem ler, terem acesso, e aí se eles encontrassem alguma crônica ou se escrevessem alguma, eles podiam deixar lá, que eu pegaria e já daria devolutiva para eles”, explica Rosiska.

Em seguida, a professora fez uma pergunta aos alunos: “Fale sobre o momento que mudou a sua vida. O que foi esse momento e qual que foi essa mudança?”.

“A maioria deles colocou alguma mudança de turma, mudança de escola. E eu percebi realmente que a escola era o tema central da vida deles. Na escola que a gente tem vida social e a questão das amizades. Por isso eu pedi essa primeira produção textual, uma aula, porque é um texto bem curtinho, então esse foi o primeiro passo”, aponta.

Os passos seguintes da sequência didática que Rosiska sugere para estudantes dos últimos anos do ensino fundamental foram demonstrar que a crônica é um texto de temática extremamente simples e promover o contato com nomes da literatura que se destacam também com a escrita de crônicas.

“Na sequência, resolvi desafiá-los. Eu escolhi uma crônica do Machado de Assis chamada ‘Regras para o uso dos bondes’. É uma crônica muito engraçada. E aí nós fizemos até a dramatização. Então nós montamos um bonde ali e cada um deles era um dos passageiros que estavam fazendo alguma coisa que Machado de Assis critica no texto”, conta a professora.

Depois dessa preparação, o concurso prossegue com o momento da escrita da crônica por parte da turma. Rosiska defende que saber que está participando de um concurso estimula o aluno, uma vez que o texto produzido por ele será lido efetivamente e passará por um júri.

“Havendo esses leitores, houve um estímulo, todos acabaram escrevendo alguma coisa que era importante, alguma angústia ou algo que era divertido, porque essas crianças ou esses adolescentes querem ser ouvidos. Eles entenderam que às vezes é mais fácil ser lido; então na escola eles podem ser lidos. Eu acredito que a escrita se tornou uma alternativa viável para se expressar muito mais do que a fala”, argumenta Rosiska.

Os resultados obtidos revelaram um progresso significativo no letramento literário dos alunos. “Quanto à leitura, a minha ideia era justamente que eles entendessem que muitas vezes o escritor morreu antes de a gente nascer, mas aquele sentimento humano continua. E isso foi percebido até mais na crônica do Machado de Assis, que algumas angústias que ele coloca ali, nas reclamações de conviver com as pessoas no bonde, são parecidas com as que existem até hoje. Eu acredito que, pelo menos aquele medo ou aquela sacralização dos escritores canônicos foi desfeita. O medo de ler eles [os alunos] não vão ter”, conclui.

Crédito da imagem: acervo – Paula Rosiska

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