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Despersonalização no marketing, Worldcoin e multa da Apple – e184s01

 
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Neste episódio falamos de despersonalização no marketing, Worldcoin e a multa da Apple.

Episódio de: 6 de Março, 2024

Download do podcast

Grupo de WhatsApp: https://w.marketingporidiotas.pt

MIGUEL

A WorldCoin rouba-nos a alma?

Este mês tèm surgiram uma data de notícias em que falam sobre a world coin, scans de retinas, pessoas que recebem 100€ por irem tirar uma fotografia a uma máquina no centro comercial.

Hoje vamos tentar desmistificar um pouco o que é isto da WORLD COIN, para que serve e se será que isto é um esquema?

Esta história da world coin faz-me lembrar um pouco o farwest americano, onde os indios tinham medo que os ocidentais, malandros, lhes tirassem uma fotografia porque acreditavam que a foto lhes roubava a alma.

Bem ou mal, a verdade é que, todos os índios que vestiram os fatos de domingo aparentemente e até prova em contrário mantiveram a sua alma…ou não.

Mas o velho “Bufalo Casmurro e tímido” deve estar a rebolar na sua campa ao pensar na quantidade de almas que são roubadas por segundo nas nossas redes sociais.

Agora Vamos então pensar na worldcoin:

A worldcoin é uma crypto moeda…uma moeda digital como a bitcoin.

A Worldcoin foi criada e está associada à ideia de que um dia a inteligência artificial vai fazer tudo por nós e nós não vamos precisar de trabalhar…por isso vamos ter o rendimento universal bruto.

Esta ideia já tinha sido lançada por alguns economistas há décadas…mas até prova em contrário não se despeçam já…mantenham os vossos empregos de dia!

Um dos fundadores da worldcoin é o sam altman…e sinceramente já ouvi algumas explicações online mas nenhuma me convenceu a 100%.

Uma boa explicação é a do Bernardo Almeida no Youtube com o handle @bernas19.

Então a ideia base é que cada pessoa no mundo possa ter uma carteira digital única onde guarda o seu dinheiro.

Então a forma de sabermos que a carteira é apenas nossa é através de um scan à retina, que é única a cada ser humano.

Depois do scan, passamos a ter a aplicação e todas as semanas recebemos 1 worldcoin que é equivalente a 7€ sensivelmente… mas só se utilizarmos a app da worldcoin.

Aparentemente todo este processo é controlado pela Fundação Worldcoin…que tem sede nas ilhas caimão…

Dizem que no total vão exister 10 biliões de worldcoins…mas que apenas 8 biliões vao estar em circulação e cerca de 2 biliões estão reservadas aos cofundadores da moeda…

Ai Sam Altman…tens um ar tão santinho mas afinal não és tolinho!

Agora é que as coisas começam a ficar super estranhas…

Aparentemente quem anda aí na rua com as maquinetas que roubam almas às pessoas através do scan da iris não recebe em dinheiro….recebe também em worldcoin!

Começa a parecer um mega esquema da pirâmide.

Até porque a própria fundação worldcoin diz que há medida que forem entrando mais pessoas aquela recompensa semanal vai diminuindo…para beneficiar quem entrou primeiro… OK pirâmide!

O que é um facto é que a moeda tem valorizado e já vai perto dos 8$ quando há umas semanas valia 4$.

É o hype gerado que está a meter as pessoas loucas!

Agora a questão fundamental no meio disto tudo…

Porque motivo é feito o scan da iris?

Não dava para ser uma carteira de crypto moedas normal?

Isto cheira-me a esturro…ainda por cima uma moeda destas criada e financiada por empresas de tecnologia de inteligência artificial…

Acredito que o processo de scan da iris tem mais do que se lhe diga…

Não estou a dizer que seja para nos roubar a alma como o velho Bufalo Casmurro e tímido diria…e também não quero ser o nosso velho do restelo.

Mas parece-me que deverá existir algum tipo de valor nos dados recolhidos na iris, visto serem únicas a cada ser humano.

Como moeda sinceramente não acredito até porque era preciso que o supermercado aceitasse worldcoin…assim a worldcoin tem sempre de ser trocada por euros para podermos comprar bens e serviços.

Outra cosia que ainda não percebi, e espero que o fred consiga explicar melhor…é onde estão os governos e os bancos centrais no meio disto tudo?

Bem…eu por agora não vou vender a minha alma. E vocês?

DIOGO

Hoje venho-vos falar da despersonalização no marketing. Sim, depois do short-termism queria trazer uma coisa mais leve mas não consegui e como é algo que tem estado na minha cabeça e nos livros que ando a ler e como temos o nosso idiota Miguel de volta queria sem dúvida algumas ideias para ver como podemos combater esta desumanização..

Então, até pode parecer estranho eu vir falar de despersonalização quando todos nós neste podcast temos vindo a falar que a tendência ser um mundo mais personalizado ao nosso utilizador e que a IA pode ajudar-nos nisso. Ou mesmo que os consumidores quando questionados, dizem preferir uma experiência mais personalizada. Pois é, e eu concordo com mas eu na verdade quero falar da despersonalização a um nível mais fundo. Na despersonalização com um foco na persona ou neste caso a falta de persona ou de um humano.

Reparem nisto, eu disse as palavras “utilizadores” e “consumidores” o que não é algo de estranhar, certo. Mas na verdade eu poderia ter substituido as palavras utilizadores ou consumidores por pessoas e apenas essa alteração humanizaria muito mais a minha frase.

E é exatamente sobre este aspecto que quero falar.

Reparem nisto, segundo o livro que continuo a ler, “Sustentabilidade e Marketing, o papel da industria no futuro da sustentabilidade” que na verdade foi o livro que acabei por não mencionar no ultimo episõdio, fala precisamente de como a objetivação de dados e especialização dos vários campos acaba por poder levar a uma crescente separação entre o marketer e as pessoas que podem ser os seus clientes.

Vou repetir: a objetivação de dados e especialização dos vários campos acaba por poder levar a uma crescente separação entre o marketer e as pessoas que podem ser os seus clientes.

Reparem, hoje em dia um CMO de uma empresa SAAS por exemplo pode nunca na sua vida vir a falar com um cliente final. É totalmente possível. Não é? Muitas vez até pode falar com as equipas de vendas mas na verdade raramente com o cliente final.

Mais se olharmos para o online as coisas ainda pioram mais… Reparem no meu exemplo: que me especializei em Google Ads, SEO, Web Analytics a trabalhar mais de 30 marcas diferentes nas agências estive sempre muito longe de quem poderia ser o cliente final. Na verdade, o meu foco eram sobretudo cliques, visitas ao site e conversões. Nunca pensei se as pessoas estavam satisfeitas, se a solução que lhes apresentem satisfez a sua necessidade. Nada. E mais nem dados tinha sobre isso e também não era a minha responsabilidade porque estou concentrado apenas na minha especialização.

Ou seja, não só a especialização pode levar mesmo a uma maior despersonalização ou mesmo desumanização no marketing como o online e agora a IA vieram podem aumentar essa desumanização.

E como podemos nós adaptar o nosso produto ou a nossa comunicação se não falamos com quem tem a necessidade que estamos a tentar satisfazer?

Meus amigos, olho agora para vocês à procura de uma resposta. Concordam que o digital trouxe uma maior desumanização ao marketing e como poderíamos nós humanizarmo-nos mais?

FRED

Hoje venho abordar um tema atual da tecnologia, um acontecimento destacado na capa do jornal impresso Financial Times de hoje, relacionada à aplicação de uma das mais avultadas multas já registadas contra uma gigante do setor tecnológico.

Estimado painel, vou deixar-vos uma pergunta para queijinho, sobre o que terá levado a esta situação?

  1. a) Será o acesso e controlo desproporcional de dados pessoais?
    b) a complexidade em regular práticas fiscais internacionais
    c) os riscos iminentes à privacidade e à segurança digital?
    d) ou a concentração exacerbada de poder económico e tecnológico?

A protagonista desta história é a Apple, uma organização, que pela sua magnitude, define os limites do possível no universo digital.

Com uma capitalização de mercado impressionante de 2,8 triliões de dólares (são 12 zeros) – equivalente a cerca de 42 vezes o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal ou mais de dez vezes o PIB do Brasil em 2023 –, a Apple é um colosso económico.

Isto significa que a Apple, por si só, vale mais do que toda a economia portuguesa, incluindo todos os seus bens, serviços e produção.

No cerne do acontecimento, que trago fresquinho, a episódio do Podcast Marketing por Idiotas, está uma multa imposta pela União Europeia à Apple, ascendendo a 1,8 mil milhões de euros pela prática de regras abusivas na App Store, particularmente no que diz respeito aos fornecedores de serviços de streaming de música.

Para colocar em perspetiva, 1,8 mil milhões de euros correspondem ao montante anual que a Comissão Europeia destina à ajuda humanitária prevista para 2024.

Mas isto agora das multas virou moda?

Exemplo: Em 2018, a União Europeia aplicou uma multa recorde de 4,34 mil milhões de euros ao Google, a maior até à data, por violação das regras de livre concorrência​​. Esta multa foi imposta devido a práticas anticoncorrência relacionadas com o sistema Android. 1 ano depois pagou

– Em 2020 a Apple foi convidada a pagar 1,3 mil milhões.

– Em 2021, a Amazon foi multada em 746 milhões e pagou 1 ano depois.

Esta recente investigação divulgada agora em março 2024 pela Comissão detalha como a Apple, sendo o único fornecedor da App Store para os utilizadores do iOS na Área Económica Europeia, controla todos os aspetos da experiência do utilizador e dita os termos e condições a que os programadores devem aderir, como a taxa de 30% sobre as transações.

Esta decisão, especificamente diz respeito ao facto da Apple, durante 10 anos, limitar a capacidade dos programadores de apps de informarem os utilizadores do iOS sobre serviços de subscrição de música alternativos e mais económicos disponíveis fora da App Store, especialmente proibindo a inclusão de links nas apps que direcionam os utilizadores para websites onde essas subscrições podem ser adquiridas.

As consequências destas práticas não foram apenas financeiras, resultando em preços de subscrição artificialmente elevados devido à comissão de até 30% cobrada pela Apple, mas segundo a UE; também numa degradação da experiência do utilizador.

Além da multa imposta, a Comissão ordenou à Apple que elimine as «anti-steering provisions» provisões anti-direcionamento..

Esta decisão pretende dar um sinal ao setor tecnológico, sublinhando a importância de garantir condições de mercado competitivas e justas, bem como a proteção dos direitos dos consumidores no mercado digital em evolução.

A Apple enfrenta críticas não apenas dos reguladores, mas também de gigantes do streaming como o Spotify, que acusa a Apple de monopolista e de obstruir a sua relação direta com os utilizadores.

Isto no fundo, é um debate amplo sobre o futuro da inovação e da liberdade no mercado digital.

Claro que a Apple prometeu recorrer, mas tal como outras situações é provável que pague. Isto porque a União Europeia construiu uma fortaleza, muito particular, que abordámos em anteriores episódios chamada Lei dos Mercados Digitais, que exige que gigantes tecnológicos como a Apple abram os seus “jardins dentro de muralhas”, o que representa um desafio de equilibrar inovação, liberdade de mercado e proteção ao consumidor.

Pergunta: Existe um impacto real das multas avultadas aplicadas a gigantes tecnológicos como a Apple? Estas penalizações financeiras significativas são eficazes em promover um ambiente de mercado mais equitativo e inovador, ou apenas servem como um encargo financeiro sem alterar práticas empresariais.

Mais informações:
https://ec.europa.eu/commission/presscorner/detail/en/ip_24_1161

Sobre o Podcast Marketing por Idiotas

O podcast Marketing por Idiotas é um podcast sobre marketing em Portugal. Neste podcast semanal falamos sobre notícias, irritações e inquietações sobre marketing digital e analógico.

O podcast é apresentado e moderado pelo Diretor de Marketing da Turim Hotéis, Ricardo Vieira e tem como comentadores com lugar cativo o freelancer Diogo Abrantes da Silva, o formador e consultor Frederico Carvalho e o CEO da pkina.com e funis.pt Miguel Vieira.

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Neste episódio falamos de despersonalização no marketing, Worldcoin e a multa da Apple.

Episódio de: 6 de Março, 2024

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MIGUEL

A WorldCoin rouba-nos a alma?

Este mês tèm surgiram uma data de notícias em que falam sobre a world coin, scans de retinas, pessoas que recebem 100€ por irem tirar uma fotografia a uma máquina no centro comercial.

Hoje vamos tentar desmistificar um pouco o que é isto da WORLD COIN, para que serve e se será que isto é um esquema?

Esta história da world coin faz-me lembrar um pouco o farwest americano, onde os indios tinham medo que os ocidentais, malandros, lhes tirassem uma fotografia porque acreditavam que a foto lhes roubava a alma.

Bem ou mal, a verdade é que, todos os índios que vestiram os fatos de domingo aparentemente e até prova em contrário mantiveram a sua alma…ou não.

Mas o velho “Bufalo Casmurro e tímido” deve estar a rebolar na sua campa ao pensar na quantidade de almas que são roubadas por segundo nas nossas redes sociais.

Agora Vamos então pensar na worldcoin:

A worldcoin é uma crypto moeda…uma moeda digital como a bitcoin.

A Worldcoin foi criada e está associada à ideia de que um dia a inteligência artificial vai fazer tudo por nós e nós não vamos precisar de trabalhar…por isso vamos ter o rendimento universal bruto.

Esta ideia já tinha sido lançada por alguns economistas há décadas…mas até prova em contrário não se despeçam já…mantenham os vossos empregos de dia!

Um dos fundadores da worldcoin é o sam altman…e sinceramente já ouvi algumas explicações online mas nenhuma me convenceu a 100%.

Uma boa explicação é a do Bernardo Almeida no Youtube com o handle @bernas19.

Então a ideia base é que cada pessoa no mundo possa ter uma carteira digital única onde guarda o seu dinheiro.

Então a forma de sabermos que a carteira é apenas nossa é através de um scan à retina, que é única a cada ser humano.

Depois do scan, passamos a ter a aplicação e todas as semanas recebemos 1 worldcoin que é equivalente a 7€ sensivelmente… mas só se utilizarmos a app da worldcoin.

Aparentemente todo este processo é controlado pela Fundação Worldcoin…que tem sede nas ilhas caimão…

Dizem que no total vão exister 10 biliões de worldcoins…mas que apenas 8 biliões vao estar em circulação e cerca de 2 biliões estão reservadas aos cofundadores da moeda…

Ai Sam Altman…tens um ar tão santinho mas afinal não és tolinho!

Agora é que as coisas começam a ficar super estranhas…

Aparentemente quem anda aí na rua com as maquinetas que roubam almas às pessoas através do scan da iris não recebe em dinheiro….recebe também em worldcoin!

Começa a parecer um mega esquema da pirâmide.

Até porque a própria fundação worldcoin diz que há medida que forem entrando mais pessoas aquela recompensa semanal vai diminuindo…para beneficiar quem entrou primeiro… OK pirâmide!

O que é um facto é que a moeda tem valorizado e já vai perto dos 8$ quando há umas semanas valia 4$.

É o hype gerado que está a meter as pessoas loucas!

Agora a questão fundamental no meio disto tudo…

Porque motivo é feito o scan da iris?

Não dava para ser uma carteira de crypto moedas normal?

Isto cheira-me a esturro…ainda por cima uma moeda destas criada e financiada por empresas de tecnologia de inteligência artificial…

Acredito que o processo de scan da iris tem mais do que se lhe diga…

Não estou a dizer que seja para nos roubar a alma como o velho Bufalo Casmurro e tímido diria…e também não quero ser o nosso velho do restelo.

Mas parece-me que deverá existir algum tipo de valor nos dados recolhidos na iris, visto serem únicas a cada ser humano.

Como moeda sinceramente não acredito até porque era preciso que o supermercado aceitasse worldcoin…assim a worldcoin tem sempre de ser trocada por euros para podermos comprar bens e serviços.

Outra cosia que ainda não percebi, e espero que o fred consiga explicar melhor…é onde estão os governos e os bancos centrais no meio disto tudo?

Bem…eu por agora não vou vender a minha alma. E vocês?

DIOGO

Hoje venho-vos falar da despersonalização no marketing. Sim, depois do short-termism queria trazer uma coisa mais leve mas não consegui e como é algo que tem estado na minha cabeça e nos livros que ando a ler e como temos o nosso idiota Miguel de volta queria sem dúvida algumas ideias para ver como podemos combater esta desumanização..

Então, até pode parecer estranho eu vir falar de despersonalização quando todos nós neste podcast temos vindo a falar que a tendência ser um mundo mais personalizado ao nosso utilizador e que a IA pode ajudar-nos nisso. Ou mesmo que os consumidores quando questionados, dizem preferir uma experiência mais personalizada. Pois é, e eu concordo com mas eu na verdade quero falar da despersonalização a um nível mais fundo. Na despersonalização com um foco na persona ou neste caso a falta de persona ou de um humano.

Reparem nisto, eu disse as palavras “utilizadores” e “consumidores” o que não é algo de estranhar, certo. Mas na verdade eu poderia ter substituido as palavras utilizadores ou consumidores por pessoas e apenas essa alteração humanizaria muito mais a minha frase.

E é exatamente sobre este aspecto que quero falar.

Reparem nisto, segundo o livro que continuo a ler, “Sustentabilidade e Marketing, o papel da industria no futuro da sustentabilidade” que na verdade foi o livro que acabei por não mencionar no ultimo episõdio, fala precisamente de como a objetivação de dados e especialização dos vários campos acaba por poder levar a uma crescente separação entre o marketer e as pessoas que podem ser os seus clientes.

Vou repetir: a objetivação de dados e especialização dos vários campos acaba por poder levar a uma crescente separação entre o marketer e as pessoas que podem ser os seus clientes.

Reparem, hoje em dia um CMO de uma empresa SAAS por exemplo pode nunca na sua vida vir a falar com um cliente final. É totalmente possível. Não é? Muitas vez até pode falar com as equipas de vendas mas na verdade raramente com o cliente final.

Mais se olharmos para o online as coisas ainda pioram mais… Reparem no meu exemplo: que me especializei em Google Ads, SEO, Web Analytics a trabalhar mais de 30 marcas diferentes nas agências estive sempre muito longe de quem poderia ser o cliente final. Na verdade, o meu foco eram sobretudo cliques, visitas ao site e conversões. Nunca pensei se as pessoas estavam satisfeitas, se a solução que lhes apresentem satisfez a sua necessidade. Nada. E mais nem dados tinha sobre isso e também não era a minha responsabilidade porque estou concentrado apenas na minha especialização.

Ou seja, não só a especialização pode levar mesmo a uma maior despersonalização ou mesmo desumanização no marketing como o online e agora a IA vieram podem aumentar essa desumanização.

E como podemos nós adaptar o nosso produto ou a nossa comunicação se não falamos com quem tem a necessidade que estamos a tentar satisfazer?

Meus amigos, olho agora para vocês à procura de uma resposta. Concordam que o digital trouxe uma maior desumanização ao marketing e como poderíamos nós humanizarmo-nos mais?

FRED

Hoje venho abordar um tema atual da tecnologia, um acontecimento destacado na capa do jornal impresso Financial Times de hoje, relacionada à aplicação de uma das mais avultadas multas já registadas contra uma gigante do setor tecnológico.

Estimado painel, vou deixar-vos uma pergunta para queijinho, sobre o que terá levado a esta situação?

  1. a) Será o acesso e controlo desproporcional de dados pessoais?
    b) a complexidade em regular práticas fiscais internacionais
    c) os riscos iminentes à privacidade e à segurança digital?
    d) ou a concentração exacerbada de poder económico e tecnológico?

A protagonista desta história é a Apple, uma organização, que pela sua magnitude, define os limites do possível no universo digital.

Com uma capitalização de mercado impressionante de 2,8 triliões de dólares (são 12 zeros) – equivalente a cerca de 42 vezes o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal ou mais de dez vezes o PIB do Brasil em 2023 –, a Apple é um colosso económico.

Isto significa que a Apple, por si só, vale mais do que toda a economia portuguesa, incluindo todos os seus bens, serviços e produção.

No cerne do acontecimento, que trago fresquinho, a episódio do Podcast Marketing por Idiotas, está uma multa imposta pela União Europeia à Apple, ascendendo a 1,8 mil milhões de euros pela prática de regras abusivas na App Store, particularmente no que diz respeito aos fornecedores de serviços de streaming de música.

Para colocar em perspetiva, 1,8 mil milhões de euros correspondem ao montante anual que a Comissão Europeia destina à ajuda humanitária prevista para 2024.

Mas isto agora das multas virou moda?

Exemplo: Em 2018, a União Europeia aplicou uma multa recorde de 4,34 mil milhões de euros ao Google, a maior até à data, por violação das regras de livre concorrência​​. Esta multa foi imposta devido a práticas anticoncorrência relacionadas com o sistema Android. 1 ano depois pagou

– Em 2020 a Apple foi convidada a pagar 1,3 mil milhões.

– Em 2021, a Amazon foi multada em 746 milhões e pagou 1 ano depois.

Esta recente investigação divulgada agora em março 2024 pela Comissão detalha como a Apple, sendo o único fornecedor da App Store para os utilizadores do iOS na Área Económica Europeia, controla todos os aspetos da experiência do utilizador e dita os termos e condições a que os programadores devem aderir, como a taxa de 30% sobre as transações.

Esta decisão, especificamente diz respeito ao facto da Apple, durante 10 anos, limitar a capacidade dos programadores de apps de informarem os utilizadores do iOS sobre serviços de subscrição de música alternativos e mais económicos disponíveis fora da App Store, especialmente proibindo a inclusão de links nas apps que direcionam os utilizadores para websites onde essas subscrições podem ser adquiridas.

As consequências destas práticas não foram apenas financeiras, resultando em preços de subscrição artificialmente elevados devido à comissão de até 30% cobrada pela Apple, mas segundo a UE; também numa degradação da experiência do utilizador.

Além da multa imposta, a Comissão ordenou à Apple que elimine as «anti-steering provisions» provisões anti-direcionamento..

Esta decisão pretende dar um sinal ao setor tecnológico, sublinhando a importância de garantir condições de mercado competitivas e justas, bem como a proteção dos direitos dos consumidores no mercado digital em evolução.

A Apple enfrenta críticas não apenas dos reguladores, mas também de gigantes do streaming como o Spotify, que acusa a Apple de monopolista e de obstruir a sua relação direta com os utilizadores.

Isto no fundo, é um debate amplo sobre o futuro da inovação e da liberdade no mercado digital.

Claro que a Apple prometeu recorrer, mas tal como outras situações é provável que pague. Isto porque a União Europeia construiu uma fortaleza, muito particular, que abordámos em anteriores episódios chamada Lei dos Mercados Digitais, que exige que gigantes tecnológicos como a Apple abram os seus “jardins dentro de muralhas”, o que representa um desafio de equilibrar inovação, liberdade de mercado e proteção ao consumidor.

Pergunta: Existe um impacto real das multas avultadas aplicadas a gigantes tecnológicos como a Apple? Estas penalizações financeiras significativas são eficazes em promover um ambiente de mercado mais equitativo e inovador, ou apenas servem como um encargo financeiro sem alterar práticas empresariais.

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O podcast é apresentado e moderado pelo Diretor de Marketing da Turim Hotéis, Ricardo Vieira e tem como comentadores com lugar cativo o freelancer Diogo Abrantes da Silva, o formador e consultor Frederico Carvalho e o CEO da pkina.com e funis.pt Miguel Vieira.

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